“Saúde, educação e sufrágio universal: grandes conquistas sociais foram utopias”

O envolvimento das novas gerações na política e nos processos de decisão foi um dos temas debatido na conferência “Puxar pela Cabeça”, uma iniciativa da Amrop Portugal em parceria com o JE que teve lugar esta terça-feira na AESE Business School, em Lisboa.
Adriana Cardoso, farmacêutica e professora universitária, market access officer Infarmed, começou por referir que “nunca ninguém se lembrou de perguntar a um pensionista se este podia porta-voz de uma geração. Fazem isso a jovens em partidos políticos, que se chamam juventudes partidárias”.
Esta comentadora da SIC Notícias destacou que essa situação acaba por traduzir-se nas políticas públicas uma vez que estes depois vão fazer parte do processo da decisão. Adriana Cardoso lança um aviso: “Se a minha geração acreditar que o processo político está à sua margem, há algo de muito errado. Existem maneirismos de não renovação dos quadros políticos que é importante que a minha geração não repita”.
Lúcia Azevedo, CEO do Lux Frágil, trouxe a sua visão sobre a participação cívica e falou um pouco do seu percurso: “Nunca me quis associar a um algum partido e hoje não me associo a qualquer partido. Nasci a quatro dias do 25 de Abril e fui educada numa família em que se falava muito de ideologia política mas sempre com humanismo.
Numa visão mais académica, Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto, reforçou a sua confiança nas utopias e garantiu estar convencida que as mesmas “são desejáveis e realizáveis”. “Se olharmos para as grandes conquistas sociais, todas estas foram utopias: saúde, educação, sufrágio universal. hoje temos as pequenas e micro utopias: pequenas experiências alternativas mas que vão todas na mesma direção. Estas mobilizam as pessoas, como é o caso das alterações climáticas. Acredito na participação de cidadãos e envolver todos neste desenho de estratégias”, sublinhou.
Pedro Sampaio Nunes, consultor empresarial, destacou que “todos os partidos acreditam numa utopia e têm o seu humanismo, não podemos pensar que o humanismo está todo do mesmo lado”. Este gerente e consultor na Charlemagne realçou que “os partidos bloqueiam o acesso de quem quer entrar e de chegar aos pontos de decisão. Posso dizer-lhe que a experiência de uma Assembleia Municipal, e já participei em muitas, é extremamente frustrante”.
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